Interoperabilidade, a chave para cidades verdadeiramente inteligentes por Karl-Filip Coenegrachts

Descubra a importância da interoperabilidade para serviços urbanos mais eficientes e acessíveis.

Com um percurso marcado pela inovação digital e a transformação urbana, Karl-Filip Coenegrachts tem sido um dos grandes impulsionadores da interoperabilidade nas cidades inteligentes. Como Presidente do Conselho de Administração e Diretor Executivo na OASC (Open & Agile Smart Cities & Communities), desempenha um papel essencial na criação de um ecossistema urbano mais conectado.

Nesta conversa, realizada no âmbito da 1ª Conferência Smart Cities Portugal, Karl-Filip partilha a influência da OASC nas Plataformas de Gestão Urbana e a importância da interoperabilidade, demonstrando como este é um pilar essencial para o futuro das cidades inteligentes.

"A interoperabilidade vai além da tecnologia. É também organizacional, legal e semântica."

Karl-Filip Coenegrachts

Karl-Filip Coenegrachts

Chair & Executive Director of @ Open & Agile Smart Cities, Head of Unit @ imec-SMIT-VUB, Senior Policy Advisor @ FARI, Founder and Director @ Cities of People

UW: Pode falar-nos mais sobre o papel da OASC nas plataformas de gestão urbana e como influenciou a arquitetura que utilizamos hoje?

KC: O que é crucial para a OASC é garantir que, em qualquer desenvolvimento de uma plataforma de dados, plataforma urbana ou gémeo digital local, a interoperabilidade seja tida em conta. E a interoperabilidade não é apenas um conceito técnico — embora tenha, em parte, um componente técnico. É necessário definir todos os requisitos técnicos essenciais para assegurar um nível mínimo de interoperabilidade entre os dados e entre os sistemas digitais que fazem parte de uma plataforma urbana.

Mas a interoperabilidade vai além da tecnologia. É também organizacional, legal e semântica. E é nisso que a OASC se foca. A OASC baseia-se nas experiências dos seus membros em todo o mundo para definir os chamados “Minimal Interoperability Mechanisms” (MiMs). Estes mecanismos não só incluem os requisitos técnicos, mas também os padrões utilizados, padrões que são abertos e garantem a interoperabilidade mínima entre sistemas.



UW: Como explicaria a importância da interoperabilidade a alguém que não está familiarizado com o conceito? Pode simplificá-lo e destacar como beneficia os cidadãos?

KC: Como cidadão, provavelmente já viajou para outra cidade. Na sua cidade, utiliza uma determinada aplicação no telemóvel ou no computador para comunicar com o governo local, obter informações sobre a cidade, etc.

Mas, quando viaja para outra cidade, é necessário fazer download de uma nova aplicação. E essa nova aplicação pode não conter as mesmas informações, pode não utilizar os mesmos métodos de pagamento, por exemplo, ou funcionar de forma diferente da que está habituado na sua cidade.

Não seria muito melhor se pudesse utilizar a mesma aplicação em qualquer cidade? O facto de isso ser possível significa que, nos bastidores, a interoperabilidade foi garantida. A interoperabilidade assegura uma ligação perfeita entre os dados em segundo plano, sem que o utilizador tenha de se preocupar com isso ou tomar qualquer ação, como descarregar uma nova aplicação para cada cidade que visita.

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